A Grécia Antiga
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sábado, 3 de maio de 2014
Arte Grega
Pintura

Acerca da pintura durante o período arcaico sabe-se muito pouco. São conhecidas algumas referências literárias a poucos pintores, como Cleantes, Ecfantos, Teléfanes, Eumaros e Cimon, mas sua produção perdeu-se completamente.[55] Algumas evidências do período sobrevivem em Thermon e em algumas placas de madeira e cerâmica encontradas em Corinto,[56] que traem a influência da arte egípcia e asiática, mantendo uma similitude com as técnicas de pintura em vasos, sendo em essência um desenho colorido. Outro exemplo importante por sua raridade, embora bastante elementar, são os murais da Tumba do Mergulhador em Pesto, de c. 480 a.C.[57] Outros murais do período arcaico tardio são encontrados em tumbas na Ásia Menor. Também constituem boas evidências os murais etruscos, já que derivaram diretamente da influência grega.[58]
A partir do período clássico a pintura rapidamente adquiriu independência do estilo gráfico típico da cerâmica, passando para um tratamento de fato pictórico das superfícies, com emprego de uma variedade de efeitos visuais, incluindo pontilhismo, chiaroscuro, degradê, ilusionismo tridimensional, escorço e perspectiva, possivelmente por influência da cenografia teatral. Sua temática era basicamente a mitologia e a história, bem como a celebração da grandeza da cidade e de seus heróis e cidadãos exemplares. Destarte, a pintura encontrava utilidade geralmente na decoração de edifícios públicos e templos. Desde então a pintura se tornou ubíqua em toda a área de influência grega, tendo nesta fase Atenas como seu principal pólo irradiador.[57] [59] Entre os nomes célebres do período estão Agatarcos,[60] Mícon e seu irmão Panaenus,[61] Apolodoro[62] e sobretudo Polignoto, o mais importante do período clássico, ativo em Atenas, que aparece na literatura como autor de várias cenas complexas e movimentadas, especialmente batalhas.[63]
Apeles, talvez o mais ilustre dos pintores da Grécia Antiga, foi um artista de transição entre o classicismo e o helenismo, introdutor de inovações técnicas, autor de um tratado sobre pintura infelizmente perdido, e pintor oficial de Alexandre, o Grande. Nada de sua produção chegou até nós, mas foi descrito como dominando e fundindo os estilos da Escola da Jônia e de Sicião, e autor de obras de beleza e graça insuperáveis, conseguidas pelo uso virtuosístico de um cromatismo sutil, um desenho requintado e nobres formas. Dos contemporâneos de Apeles devem ser citados Protógenes, Écion, Antifilo e Téon.[68] Entre os exemplos concretos da transição do período clássico tardio para o helenismo estão os importantes e sofisticados afrescos das Tumbas Reais de Vergina, compostos por uma grande cena de caça ao leão e pelo Rapto de Perséfone, de grande maestria no desenho e liberdade nas pinceladas;[69] o bem conhecido Sarcófago das Amazonas, achado em Tarquinia mas provavelmente produzido por um pintor da Magna Grécia,[56] e afrescos da Grande Tumba de Lefkádia, que incluem surpreendentes métopes pintadas imitando ilusionisticamente as métopes em relevo do Partenon.[70] [71]
Durante o helenismo a pintura grega se internacionalizou ainda mais, sendo levada por Alexandre até a Ásia e o norte da África, e desta fase os exemplos originais são um pouco mais numerosos, sendo especialmente importantes os da Tumba do Soldado em Alexandria,[72] e variados fragmentos em tumbas, palácios e residências de Demétrias, Sídon, Atenas, Cnido, Pela, Delos e Pérgamo, entre outras cidades.[56] Um grande exemplo mural está em uma tumba principesca da necrópole de Kalanzak, hoje um Patrimônio Mundial.[73] No helenismo o ilusionismo tridimensional permaneceu como o principal interesse na pintura, mas os temas populares se tornaram largamente apreciados, entre eles a natureza-morta, a paisagem e as cenas domésticas, que se encontravam até em miniaturas. Ao mesmo tempo, os produtores de mosaicos começavam a imitar efeitos tipicamente pictóricos. Entre os pintores se destacou Peiraeicus, criador de obras mostrando interiores detalhados de barbearias, estábulos, lojas e outros estabelecimentos do povo, e entre os mais eruditos desta fase, mantendo viva uma tradição mais antiga em composições mitológicas e históricas, pode ser citado Timômaco, cuja obra Ajax e Medeia foi adquirida por Júlio César pela fortuna de oitenta talentos.[74] [75]
A pintura grega foi essencial para a formação do estilo da pintura da Roma Antiga, e o desenvolvimento de grandes novas capacidades para a representação figurativa e o impacto da produção da época entre seu público fez com que a pintura contribuísse, junto com a escultura, para o florescimento de um rico debate teórico a respeito da ética na arte, sobre os seus fundamentos científicos, suas capacidades pedagógicas e sua utilidade cívica, e sobre a natureza, o caráter e a função da mímese, um debate que ganhou entre seus contendores homens notáveis como Anaxágoras, Demócrito, Sócrates, Platão e Aristóteles.[56] [76]
Pintura de vasos[editar | editar código-fonte]
A produção de vasos decorados foi uma das poucas manifestações artísticas que não sofreram interrupção na Idade das Trevas grega, havendo pois uma tradição contínua que remonta a tempos imemoriais. Interessa-nos, porém, a produção a partir do período geométrico. Nesta fase a decoração é bastante elementar, resumida a linhas e padrões geométricos abstratos - de onde vem o nome do período - distinguindo-se da preferência por padrões derivados do círculo da fase anterior. Embora aparentemente simples, era uma arte sofisticada, obedecendo a uma série de convenções precisas, e alguns de seus exemplos se contam entre as melhores criações da arte grega de todos os tempos. Figuras começaram a aparecer em torno de 850 a.C., com faixas de animais e pessoas de perfil simplificado, acompanhando a diversificação dos padrões abstratos. Na fase final começaram a surgir cenas mitológicas.[77]No período orientalizante houve grande intercâmbio cultural com a Ásia, recebendo dali influências que se traduziram na diversificação dos formatos dos vasos, tendo Corinto como o principal centro de produção. A decoração incluía motivos geométricos, florais e uma vasta população de animais fantásticos como esfinges, sereias e quimeras. Por outro lado, a presença de figuras humanas diminuiu. Em Corinto se formulou pela primeira vez um estilo decorativo de larga influência chamado de figura negra que, como o nome indica, trazia os desenhos em negro contra um fundo vermelho, com alguns detalhes em branco. Tendo iniciado essa tradição em Corinto, foi entretanto em Atenas que ela chegou a um alto grau de refinamento, no início do período arcaico. Vários pintores de figura negra se tornaram famosos, como Exéquias, Clítias, Ergotimos, Nearcos e o Pintor de Amásis. Também a Atenas se deve um outro desenvolvimento na técnica, que levou à formação do estilo em que as cores foram invertidas, chamado figura vermelha, tendo o negro como fundo. Essa novidade permitiu uma liberdade muito maior para o trabalho dos pintores, que passaram a se deter em detalhamentos anatômicos e cenários. O estilo figura vermelha gradualmente veio a suplantar o figura negra em torno de 500 a.C. Mestres famosos foram Douris, Brygos e Onésimo.[77]
No período clássico a produção de cerâmica decorada experimentou um declínio cuja causa ainda não é bem compreendida, mas aparentemente o meio de expressão já havia se esgotado como campo de experimentos e inovações. Uma exceção foi o aparecimento do estilo fundo branco, que possibilitou ampliar a paleta de cores usadas nas figuras, mas cujo efeito final é pouco expressivo. No período helenista o declínio continuou, mas é de citar o surgimento de vasos com novas formas imitando os vasos de bronze, decorados com relevos, e de um estilo chamado "encosta oeste", por ter sido descoberto em escavações na encosta oeste da Acrópole de Atenas. Estes vasos têm uma coloração mista de marrom, branco e negro, com detalhes em relevo, incisões e uma iconografia simplificada.[77]
Pintura de estatuária e arquitetura[editar | editar código-fonte]
Uma outra aplicação da pintura entre os gregos era na decoração da estatuária e da arquitetura. Até há pouco tempo não havia, por falta de conhecimentos, um consenso sobre a extensão desta prática, e este fato só recentemente vem recebendo maior divulgação entre o grande público. Entretanto, a partir de pesquisas recentes se sabe que a pintura de superfície na escultura e arquitetura era uma praxe disseminada, e um dado fundamental no estilo grego como um todo. Mestres escultores como Praxiteles deixaram registrado que só consideravam suas obras acabadas depois de recobertas com tinta, o que por certo lhes emprestava uma aparência muito diversa da que hoje mostram nos museus do mundo. Em 2003 a Gliptoteca de Munique organizou uma exposição itinerante, intitulada Bunte Götter (Os Deuses Coloridos), com réplicas de obras importantes decoradas segundo o que se descobriu sobre sua policromia, com resultados surpreendentes.[78] [79] [80]Mosaico[editar | editar código-fonte]

Durante o helenismo a técnica se sofisticou ainda mais, explorando-se a criação de texturas diferenciadas na mesma composição e empregando-se peças ainda menores, de formato regular, que possibilitou um maior controle no desenho e um fino detalhamento. Um desenvolvimento ulterior deu origem ao chamado opus vermiculatum, onde as peças são tão pequenas que mal se distinguem como entidades separadas, chegando a apenas 4 mm², o estágio de mais alto refinamento e complexidade do mosaico, possibilitando a obtenção de efeitos que se aproximam da pintura.[84] Neste mesmo período a técnica grega se expandiu por uma larga região, chegando até ao Afeganistão, e passou a incorporar outros materiais além da pedra, como o vidro e a madrepérola, criando efeitos de grande riqueza plástica. Os romanos foram grandes apreciadores dos mosaicos gregos, imitando-os em seus palácios e edifícios públicos e levando a técnica para toda a área de influência do Império.[85] [86]
Literatura e teatro[editar | editar código-fonte]
Segundo Tim Whitmarsh, na Grécia Antiga não havia o hábito da leitura como hoje em dia, em que ele se caracteriza primariamente como uma atividade individual exercitada em horários de ócio. Antes, era uma atividade engajada e ideologicamente orientada, fazendo parte integral da vida da pólis e desejando excitar debate e reflexão socialmente significativos. O povo se reunia nos festivais e cerimônias públicas para ouvir a récita dos poetas ou dos espetáculos teatrais, cujos textos eram escritos também em versos e cujo conteúdo tinha raízes tradicionais e trazia a todos uma mensagem coletiva. Muitas vezes tais récitas eram acompanhadas de música e dança, um traço que permaneceu constante ao longo da história grega. A circulação privada de livros, descontando-se a produção específica dos filósofos e cientistas, sem caráter artístico e restrita ao seu círculo de estudantes, e que não será abordada aqui, só começou em torno do século IV a.C., e nesse tempo adquiriu um caráter elitista, pois livros eram manuscritos raros e caros.[87]A tradição literária grega iniciou com Homero, uma figura cuja historicidade é motivo de conjetura mas que é considerado muitas vezes o pai da literatura ocidental. Em seus dois grandes poemas épicos, a Ilíada e a Odisseia, lançou as bases dos desenvolvimentos futuros. Eles coletam tradições antigas respectivamente sobre a Guerra de Troia e a viagem de Odisseu de volta para casa, e embora se apresentem como poemas históricos, grande parte da sua atenção é devotada à descrição das intervenções dos deuses na vida humana. Por outro lado, traçam um vasto panorama da sociedade grega do período anterior, especialmente retratando a classe aristocrata, com seus costumes, suas crenças, suas motivações, seu perfil psicológico, suas relações com os estrangeiros e sua organização social. Da mesma época são alguns hinos também atribuídos a Homero, sem qualquer certeza, embora exibam um estilo similar.[88] [89]
No período arcaico surgiu uma literatura poética mais diversificada, mais afeita à realidade cotidiana, descrevendo as lutas de classes, penetrando em temáticas filosóficas, humanísticas e científicas, e tendo a experiência individual do poeta um papel mais importante na sua definição ideológica e estética. Nesta fase destaca-se Hesíodo que, ao contrário de Homero, abordou uma temática mais popular. Entre várias criações atribuídas ao poeta, sobrevivem duas obras importantes: Os Trabalhos e os Dias, uma narrativa que mescla História e os afazeres da vida no campo dentro de uma moldura ética, e uma cosmogonia mitológica, intitulada Teogonia.[90] [91] Também merece nota a emergência no período arcaico de uma poesia mística derivada principalmente do Orfismo, apresentando um modelo de vida ideal de grande pureza e enorme apelo popular, prometendo uma recompensa pós-morte aos virtuosos, que possivelmente refletia compensatoriamente o estado de desordem cívica e as incertezas e agruras da vida real. Outras correntes cultivaram os gêneros lírico e elegíaco com grande originalidade e sensibilidade, baseados em tradições populares mas de veia individualista, e também de grande circulação entre o povo. Ativos nessas linhas foram Anacreonte, Mimnermo, Tyrtaios, Teógnis e a poetisa Safo, de grande fama, entre muitos outros. Nos gêneros da poesia filosófica e crítica, podem ser citados Xenófanes e Epimênides.[92] Ainda neste período iniciou o desenvolvimento da poesia dramática, que acabou dando origem à tragédia e à comédia. Ambas nasceram de uma forma de hino coral, o ditirambo, cantado em honra de Dionísio, tendo um líder, o corifeu, a dividir versos com um coro. Diz a tradição que o primeiro a fixar a forma do ditirambo foi Árion. Téspis, figura de transição, introduziu a figura do hypocrites (aquele que responde, um interlocutor), criando os primeiros diálogos dramáticos e sendo por isso considerado o pioneiro da tragédia. A comédia, por sua vez, surgiu como um entretenimento intercalado nas tragédias, tendo como seu iniciador Choerilus.[93]
Porém, foi no período clássico que a poesia dramática chegou à sua fase dourada, quando sua apresentação passou a se dar em grandes anfiteatros, estruturas concebidas especificamente para este fim. O principal centro de interesse temático da tragédia grega clássica, na apreciação de Ian Johnston, foi o conflito entre o homem e as inelutáveis forças do destino, buscando entender os desígnios dos deuses, conhecer até onde vai o livre-arbítrio e discernir qual a mais adequada resposta humana aos desafios apresentados. No pensamento grego até mesmo os deuses eram sujeitos ao destino, mas na tragédia o herói se destaca como aquele que dá o melhor de si, mesmo à custa de sua própria vida, para enfrentar um contexto desfavorável dentro do âmbito da justiça, com isso provando sua excelência pessoal e tornando-se um modelo para sua comunidade.[94]
Ésquilo, o primeiro grande tragediógrafo, chamou um segundo interlocutor, tornando o desenvolvimento dramático mais dinâmico, a ponto de o diálogo entre os protagonistas suplantar em importância as intervenções do coro, que até então levava a cabo a maior parte da narrativa. O coro, a partir de então, passou a comentar a ação principal, incentivando ou censurando os protagonistas e estabelecendo atmosferas sugestivas, que emolduravam ou coloriam o diálogo. Sobrevivem sete das dezenas de tragédias de Ésquilo, ainda hoje integrando o repertório teatral, entre elas Sete contra Tebas e a tetralogia da Oresteia. Sófocles foi outro grande nome no gênero, autor de diversas obras-primas de profunda penetração psicológica e elevada espiritualidade, destacando-se Édipo Rei, Electra e Antígona, dentre as mais de cem a ele creditadas, quase todas perdidas. O terceiro tragediógrafo a ser lembrado é Eurípides, influenciado pelos sofistas e original por explorar temas até então pouco trabalhados no ambiente dramático, como a filosofia, o romantismo e a sensibilidade feminina, além de lançar críticas à religião e ser conhecido como o mais trágico dos trágicos. Das muitas peças que escreveu chegaram a nós dezessete, entre elas Medeia, As Troianas, Ifigênia em Áulis e As Bacantes. Todos eles também foram autores de comédias, embora este gênero tenha demorado mais a amadurecer. Seu mais notável representante foi Aristófanes, cujas peças são ácidas e vivazes críticas da vida social, política, intelectual e moral ateniense. São conhecidas onze de suas comédias, podendo ser citadas Lisístrata, As nuvens e As rãs.[95]
A literatura em prosa também teve um florescimento relativamente tardio, já que a poesia supria a necessidade de informação narrativa, e só veio a evidenciar maturidade no período clássico, depois de ensaios anteriores de escritores como Ferécides, Anaxágoras e Hecateu, com um trabalho principalmente na forma de epigramas ou trechos breves de conteúdo mitológico, filosófico, geográfico ou histórico, sem grande coesão interna.[96] Mas foi o fabulista Esopo o primeiro escritor que explorou a prosa como literatura artística por direito próprio, elevando-a a um alto patamar de qualidade. Suas fábulas são alegorias morais, onde muitas vezes deu voz aos animais. No período clássico a principal literatura em prosa não tem caráter artístico, mas não pode passar sem ser citada a notável contribuição para o refinamento estilístico da prosa e da retórica deixada pelos filósofos, como Xenofonte, Platão e Aristóteles, por historiadores como Heródoto e Tucídides, por cientistas como Hipócrates e por oradores como Demóstenes e Ésquines, cujas obras são referência até os dias de hoje. Ao mesmo tempo, surgiu um considerável grupo de comentaristas desses autores citados, que também ajudaram a sedimentar e enriquecer a prosa grega.[97] [98]
As mudanças políticas e sociais ocorridas no período helenístico - passando de uma sociedade centrada na pólis democrática para um mundo de monarquias cosmopolitas com uma etnicidade muito mais heterogênea, e com a cidadania acessível a uma parcela muito maior da população - se traduziram em uma literatura muito mais diversificada, muitas vezes com o propósito de simples entretenimento privado ou cortesão. Em função disso, os livros começaram a se tornar mais comuns e a literatura em geral deixou de buscar primeiramente a educação ética do público, e se preocupou mais com o puro deleite estético. Como disse Kathryn Gutzwille, enquanto a literatura anterior fascina e comove pela sua grandiosidade e sua transcendência, a helenística encanta pelo seu caráter imediatista e realista, numa complexa e sofisticada fusão de uma imensa e eclética virtuosidade literária, conquistada após séculos de prática, com uma atenta observação da natureza e da vida humana em seus detalhes mais prosaicos. Os principais sujeitos dos períodos anteriores, os heróis e os deuses, permanecem em cena, mas sua presença não é dominante, nem opressiva, chegando a se aproximar muito do caráter das pessoas comuns. Esse rebaixamento, já prefigurado em Eurípides e também no comediógrafo Menandro, se tornou o habitual durante o helenismo, sem entretanto decair para uma mera paródia. Também continuaram comuns os gêneros da poesia lírica, épica e dramática, como na obra de Calímaco e de Apolônio, mas nos vários novos centros que começaram a se destacar por sua produção literária, especialmente na Ásia Menor e Egito, foram desenvolvidas formas inovadoras, como o mime, cultivado por Herodas; a écloga, representada por exemplo por Teócrito; a epília, um gênero épico de pequena envergadura, e a poesia didática, com expoentes em Nicandro e Arato, além de o gênero do epigrama ressuscitar de modo triunfal, sendo cultivado por praticamente todos os poetas do período.[99] Ao mesmo tempo, desenvolveu-se em prosa um gosto apaixonado pela crítica literária, pela narrativa ficcional e fantástica, pela retórica e pela história da arte, e, talvez mais importante, foram compiladas coletâneas de poetas de períodos anteriores e se multiplicaram as bibliotecas, como a famosa de Alexandria, com o que pôde ser preservado para a posteridade um grande corpo literário que de outra forma poderia ter-se perdido.[100] [101]
Dança[editar | editar código-fonte]
Sobre a dança grega sabe-se pouco e especula-se muito, dificuldade nascida da ausência de evidências diretas. Tudo que se pôde conhecer deriva de descrições literárias e registros visuais em pinturas, relevos, gemas e estatuária, muitas vezes genéricos e imprecisos. Entretanto, parece haver um consenso de que a dança era tão apreciada e disseminada quanto as outras artes, estando presente em toda a vida social grega, frequentemente associada à música, à poesia, ao teatro, ao entretenimento privado e a festividades religiosas e cívicas. Aparentemente esta arte alcançou um elevado grau de sofisticação, veiculando símbolos, evocando mitos e ilustrando eventos históricos, e a habilidade na dança era tão prestigiada como a capacidade guerreira. Aliás, a dança fazia parte da educação dos soldados e se estruturava por uma consistente normatização de movimentos, cujo rigor se comparava às manobras militares coletivas. Vários tipos de danças militares foram descritos na literatura, incluindo aquelas que se valiam de manipulação de armas e as que imitavam os movimentos dos animais. Danças deste último tipo também eram praticadas em rituais religiosos, principalmente nos cultos de mistério, onde se destacavam as danças orgiásticas executadas pelas mênades nos ritos de Dionísio. Outras formas incluíam as danças específicas para matrimônios, que tinham em geral um caráter processional ou desenhavam círculos e giros, acompanhadas de palmas e gesticulação, e as danças fúnebres, em geral procissões dinamizadas por uma gestualidade dramática, envolvendo o rasgamento de roupas, movimentação dos braços, lamentações, escarificação da face e trocas de abraços. No teatro a dança estava invariavelmente presente, sendo conduzida pelo coro, fazendo uso de figurinos apropriados e realizando movimentos solenes de caráter processional.[102] [103]Artes decorativas e aplicadas[editar | editar código-fonte]
A criatividade dos antigos gregos não se limitou às assim chamadas artes maiores: a arquitetura, a escultura e a pintura, que como se viu conheceram um extraordinário florescimento, mas cultivaram uma variedade de outras técnicas cujos produtos não causam talvez tanto impacto imediato por suas dimensões reduzidas, mas que dentro de seu âmbito igualmente atingiram altos níveis de sofisticação. Os pequenos bronzes, por exemplo, algumas vezes decorados com aplicações de ouro e prata, também abundam em todas as fases, e embora muitos deles possam se enquadrar na classificação de escultura, outros eminentemente utilitários como os vasos, as armas, os espelhos e objetos domésticos, também amiúde receberam um tratamento estético que vai além do imprescindível para cumprirem sua função e se elevaram ao nível de objetos de arte.[104] A joalheria igualmente atingiu uma qualidade excepcional, com uma ampla variedade de artefatos como colares, brincos, camafeus e coroas.[105]Legado[editar | editar código-fonte]
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Por expressão artística
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Seu estudo adquiriu linhas mais científicas a partir do fim do século XVIII, principalmente através do trabalho de Johann Joachim Winckelmann, um entusiasta da arte grega e o maior teórico do Neoclassicismo. Ele definiu para ela um perfil cronológico-estilístico à maneira de um ciclo vital, com suas fases de formação, apogeu e declínio, centrado na obra dos principais artistas, que se tornou canônico até o início do século XX, e que colocou a arte do período clássico acima de todas. Entretanto, hoje o estudo da arte grega é mais abrangente e procura dar valor a todas as fases, analisando-as contra seus contextos e enfatizando suas peculiaridades. Essa nova abordagem levou à compreensão de que não existe uma "arte grega" como um bloco unificado, mas sim um feixe de manifestações artísticas diferenciadas, muitas vezes fortemente coloridas por tradições regionais, que se desenvolveram e transformaram ao longo de muitos séculos e que refletem o mosaico cultural que constituía o que chamamos de Grécia Antiga.[107]
Arte Grega

Harmódio (à direita) e Aristogíton (à esquerda),
chamados "os tiranicidas". Famoso grupo estatuário celebrando em
formas idealizadas modelos de heroísmo e virtude cívica.


Reconstituição hipotética da pintura de fragmento
do frontão oeste do Templo de Afaia em Egina, proposta pela exposição Bunte Götter

Cena de banquete ao som de música de aulos
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